domingo, 14 de agosto de 2016

TODOS SOMOS UM DIA O APURADO E SENSÍVEL ENTENDIMENTO DO PENSAMENTO JUVENIL DE FIODOR DOSTOIEVSKY

Psicologia - Frase da semana, 14AGO16: TODOS SOMOS UM DIA O APURADO E SENSÍVEL ENTENDIMENTO DO PENSAMENTO JUVENIL DE FIODOR DOSTOIEVSKY

Mikhail, o irmão de Fiodor
«Para saber mais, é preciso sentir menos, e vice-versa... A natureza, a alma, o amor, e Deus, a gente reconhece-os através do coração, e não através da razão. Se fôssemos espíritos, poderíamos manter-nos naquela região de ideias em que as nossas almas pairam, buscando a solução. Mas nós somos seres nascidos da terra, e só podemos supor na Ideia - não a agarrando por todos os lados ao mesmo tempo. O guia para as nossas inteligências, através da ilusão temporária para o mais profundo âmago da alma, chama-se Razão. Ora bem, a Razão é a capacidade material, enquanto a alma ou o espírito vive sobre os pensamentos que são sussurradas pelo coração. O pensamento nasce na alma. A razão é uma ferramenta, uma máquina, que é conduzida pelo fogo espiritual. Quando a razão humana... penetra no domínio do conhecimento, ele funciona de forma independente do sentimento, e, consequentemente, do coração.» (1) (Fedor Mikhaïlovitch Dostoïevski, aos 16 anos de idade, numa carta para o seu irmão)

Estou cada vez mais seguro desta minha crença, mesmo que não passe disso mesmo - uma crença. Na adolescência, até a mais animal da biologia da nossa espécie nos empurra para a mais matizada e reactiva sensibilidade - e que bom é que assim seja! Esta sabedoria juvenil - não imatura! - é cada vez mais desvalorizada e desprezada pelos grandes decisores da organização escolar pública e da vida social e económica. A sensibilidade, em geral, e as apetências, em particular, dos jovens estão cada vez mais vigiadas, e escalpelizadas por especialistas do comportamento humano, cientes do potencial de influência a que os jovens estão muito facilmente aderentes, e cientes também do que desejam inculcar nas motivações e nos desejos dos jovens, de maneira a atraí-los, enquanto consumidores, a objectos de consumo altamente lucrativos para quem os produz.
Surgiu ontem na imprensa portuguesa a notícia de que o actual Governo vai criar uma comissão para criar o perfil do aluno no 12.º ano... Um produto sofisticado da hiper-exigente e hiper-complexa Economia de Mercado.
Para quando, na verdade, apostar no natural desenvolvimento psico-afectivo das crianças e dos jovens e das suas assombrosas capacidades reflexivas e criativas, sejas as alimentadas pelo que os especialistas desigam por 'pensamento convergente' e 'pensamento divergente'? Por que razões Piaget, Freud e outros tão condicionados ficaram pela fascinante dinâmica cognitiva e afectiva da adolescência?
Tão exigente é para o jovem o balanceamento entre a Razão e o Coração!... Tão importante é o prudente, discreta e sábia palavra; e o congruente exemplo do educador e do pedagogo! Que confiança, respeito e margem de liberdade tem o educador, o professor, o pedagogo, hoje em dia nas nossas sociedades?

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(1) «To know more, one must feel less, and vice versa… Nature, the soul, love, and God, one recognizes through the heart, and not through the reason. Were we spirits, we could dwell in that region of ideas over which our souls hover, seeking the solution. But we are earth-born beings, and can only guess at the Idea — not grasp it by all sides at once. The guide for our intelligences through the temporary illusion into the innermost centre of the soul is called Reason. Now, Reason is a material capacity, while the soul or spirit lives on the thoughts which are whispered by the heart. Thought is born in the soul. Reason is a tool, a machine, which is driven by the spiritual fire. When human reason … penetrates into the domain of knowledge, it works independently of the feeling, and consequently of the heart.»

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