terça-feira, 3 de setembro de 2013

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Esta história, que peguei do mural do Facebook do meu velho amigo e companheiro Passarinho Brunheta é, muito provavelmente, uma ficção, como se fosse uma parábola.
Acontece que, sendo-o ou não, tem muito a ver com o espírito assertivo e ativo que a minha irmã, a Fátima Pinto, quis imprimir durante o seu mandato à frente da Associação de Pais da ESMA, na Horta, no Faial.
Por isso - e também porque a acho muito oportuna para o início de um ano escolar - reproduzo-a aqui, com algumas correções linguísticas e ajustamentos literários que tomo a liberdade de considerar pertinentes.
Um abraço de agradecimento ao Brunheta, e um beijinho de renovados parabéns à minha mana pelo trabalho muito interessante que fez à frente da sua associação de pais.

- PAI, MÃE: ACORDAI ENQUANTO TENDES TEMPO!

LEIAM ESTE TEXTO COM MUITA ATENÇÃO!!!


      - Era quarta-feira, 08H00 . Cheguei a tempo à escola do meu filho. «Não se esqueçam de vir à reunião de amanhã, é obrigatória», foi o que a professora tinha dito no dia anterior. - “Que é o que essa professora pensa? Acha que podemos dispor facilmente do tempo que ela diz? Se ela soubesse quanto era importante a reunião que eu tinha às 8h30!...” Dela dependia uma boa negociação... e tive que cancelá-la!
      Lá estávamos nós - mães e pais; e a professora. Começou a tempo, agradeceu nossa presença e começou a falar. Não lembro o que ela dizia, a minha cabeça estava pensando em como iria resolver esse negócio tão importante, já me imaginava comprando aquela série de coisas, o dinheiro não seria problema.
      - “João Rodrigues!” – escutei ao longe – “Não está o pai de João?” – diz a professora.
      - “Sim, estou aqui.” – contestei, indo para receber o boletim escolar do meu filho.
      Voltei p'ró meu lugar e disse ao abrir o boletim: -“Foi para isto que eu vim?... Que é isto?...” O boletim estava cheio de seis e setes. Guardei rapidamente o boletim, para que ninguém pudesse ver como tinha se saído o meu filho.
      De volta para casa, aumentava ainda mais minha raiva, cada vez que pensava: - “Mas, se eu lhe dou tudo o que ele quer e mais o que não quer, não tem faltando nada!..." Agora é que ele ia ver como era! Cheguei, entrei a casa, fechei a porta de uma batida e gritei: “Vem aqui, João!”
      O João estava no quintal, veio logo, correndo para abraçar-me. - “Pai!” 
       "Nada de pai, nem meio pai!” e afastei-o logo de mim. Tirei o meu cinturão e não lembro quantas vezes bati ao mesmo tempo em que lhe dizia o que pensava dele. Quando me cansei, gritei-lhe: - “Agora vai para o teu quarto!” O João foi, chorando desconsoladamente, a cara toda vermelha, toda a boca lhe tremia. Só nessa altura a minha esposa se chegou a mim. Não me disse nada, só mexeu a cabeça num gesto de desaprovação e voltou para a cozinha.
      Quando fui para a cama, já mais tranquilo, a minha querida esposa entregou-me o boletim do João, que tinha ficado dentro do meu casaco, e disse-me: - “Lê devagar, tudo, e depois pensa no que vais fazer...”

      Bem no começo estava escrito: 'BOLETIM DO PAI'.

  1. Pelo tempo que o teu pai dedica a conversar contigo antes de dormir: 6
  2. Pelo tempo que o teu pai dedica a brincar contigo durante o dia: 6
  3. Pelo tempo que o teu pai dedica a ajudar-te nos trabalhos de casa: 6
  4. Pelo tempo que o teu pai dedica a levar-te a dar um passeio com a família: 7
  5. Pelo tempo que o teu pai dedica a ler-te um livro antes de dormir antes de adormeceres: 6
  6. Pelo tempo que o teu pai dedica a abraçar-te e a beijar-te: 6
  7. Pelo tempo que o teu pai dedica a ver televisão contigo: 7
  8. Pelo tempo que o teu pai dedica para ouvir as tuas dúvidas ou problemas: 6
  9. Pelo tempo que o teu pai dedica a ensinar-te coisas: 7
  10. MÉDIA FINAL: 6,22

      As crianças, a pedido da professora, tinham  classificado os seus pais. O meu filho deu-me seis e setes... Sinceramente, eu tinha merecido cincos ou menos.
      Levantei-me e corri para o quarto dele, abracei-o e chorei. Queria poder voltar atrás no tempo... mas isso não era já possível. O João abriu os olhos, ainda os tinha inchados pelas lágrimas, sorriu-me, abraçou-me e disse-me: - “Gosto muito de ti, pai!" Fechou os olhos e adormeceu outra vez. Fiz-lhe uma festa assim muito de mansinho e beijei-o com toda a ternura que pude. Lembrei-me dos versos do António Nobre, "O sono do João"... Ah! Se António Nobre não os tivesse escrito, eu hoje seria seguramente capaz de os escrever!... O meu filho merecia isso e mais ainda todos os versos lindos do mundo!...

Acordemos pais!!! Aprendamos a dar o valor certo aquilo que é mais importante em relação aos nossos filhos, já que disso depende o sucesso ou fracasso na suas vidas.

- Já pensou qual seria a 'nota' que o seu filho lhe daria hoje?...
(Autor desconhecido.)